"Hoje em dia, o ser humano apenas tem ante si três grandes problemas que foram ironicamente provocados por ele próprio: a super povoação, o desaparecimento dos recursos naturais e a destruição do meio ambiente. Triunfar sobre estes problemas, vistos sermos nós a sua causa, deveria ser a nossa mais profunda motivação."

Jacques Yves Cousteau (1910-1997)

quinta-feira, 4 de março de 2010

Poluição Luminosa

A poluição luminosa é a luz externa excessiva e mal direccionada que causa o fulgor (brilho) que se vê no céu acima das cidades, isto é, a luz mal usada na iluminação de ruas, praças, residências estabelecimentos, anúncios publicitários, sinalização aérea e marítima, edifícios e torres iluminadas, barcos de pesca, luzes de segurança, faróis de veículos, bem como toda outra fonte artificial de luz.

As luminárias mais utilizadas em iluminação pública são ineficientes, mandando literalmente grande parte da luz para o espaço, ou seja, gasta-se energia para se iluminar mal a rua e ainda poluir o ambiente.

Esta luz polui de que maneira?

Essa excessiva luz interfere não só na diminuição da visibilidade das estrelas que prejudica a observação astronómica, mas também interfere nos ecossistemas, prejudicando animais, como aves, peixes e tartarugas marinhas.

A poluição luminosa pode ser evitada?

Pode e facilmente. Basta que se tenha o cuidado de utilizar, nas vias públicas, luminárias que só lançam luz para o chão, no máximo até a base do poste seguinte.

Algumas empresas e habitações exageram na iluminação das suas propriedades. A redução desta iluminação traria benefícios, como diminuição da poluição e gasto de energia.


Exemplo de um bom candeeiro

 Este é o esquema da má iluminação. Neste tipo de luminária, a luz espalha-se por todas as direcções, principalmente para cima, deixando deficiente a iluminação do solo e poluindo o céu nocturno, ofuscando o brilho dos astros.

 Nas boas luminárias, a luz não ultrapassa a horizontal, concentrando a luz no chão até a base do próximo poste. Dessa forma, preserva-se o céu e economiza-se energia, sem prejudicar a qualidade da iluminação!

Poluição luminosa em 1908

Poluição luminosa em 1988

Impactos no ser humano

Na saúde, a iluminação artificial pode produzir efeitos fisiológicos no ser humano, alterando a produção de hormonas responsáveis pelo ciclo dormir e estar acordado. A interrupção deste ciclo está associada a problemas como a insónia, a depressão, a asma e mesmo ataques cardíacos.
O excesso de iluminação artificial já foi por diversas vezes responsável pelo encandeamento de condutores de veículos, provocando acidentes graves, até mesmo mortes.

Na astronomia, a poluição luminosa tem dificultado cada vez mais a observação dos astros, interferindo com a operacionalidade dos telescópios. Certos jovens vão deixar de desenvolver o gosto pela ciência, e outras pessoas, simples contempladoras das estrelas e lua, vão perder essa possiblidade.
Actualmente, nas grandes cidades esse prazer já nos é negado.

A foto da avenida acima mostra como as lâmpadas expostas “atiram” a luz em direcções incorrectas (para cima e para os lados) e causam ofuscamentos que colocam em risco a segurança dos condutores. Excesso de luz não significa mais segurança!

Impactos na Natureza

Muitas espécies de aves migram sobretudo durante a noite e utilizam a lua e as estrelas como meio de orientação. Quando voam sobre áreas intensamente iluminadas é frequente desorientarem-se e acabarem por morrer. É normal encontrarem-se centenas de aves mortas em torno de um farol durante o período migratório.

As tartarugas marinhas também são afectadas. Estas vêm desovar a terra, dirigindo-se em seguida para o mar. As crias quando eclodem estão muito vulneráveis a todo tipo de predadores e têm que caminhar para o mar o mais rapidamente possível. No entanto, são atraídas pelas luzes afastando-se do mar e acabam por se tornar indefesas.

Outras espécies, como os pirilampos, comunicam por sinais luminosos, sendo esta comunicação impedida ou dificultada pelo excesso de luz.

Durante o blackout em 14 de Agosto de 2003

Após o blackout

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